quinta-feira, junho 30, 2011

Perfeição diária


  Sinto-me livre para tudo o que eu desejar. Quero dançar de acordo com o jeito que as flores balançam com o vento; quero abraçar-me ao meu grande amor, sentir seus beijos na minha nuca e adormecer em seu peito; quero dormir por horas, tendo sonhos bons, sonhos que me tragam paz; quero viver um dia cheio e feliz, que me  deixe boas lembranças e muitos sorrisos, e pela noite quero ouvir a calmaria de meus batimentos cardíacos, sentada na sofá, em frente à TV, com um cobertor, um chocolate quente e pipoca, vendo um filme de comédia-romântica, divertindo-me do meu jeito.
  Não quero ouvir sensacionalismo na TV; não quero ver apenas o lado ruim de grandes cidades por aí, quero um equilíbrio entre as coisas boas e ruins da vida; que as pessoas, ao invés de só criticarem e falarem, AJAM, assim como eu ajo. Desejo que o egoísmo passe para plano secundário e o reconhecimento aconteça; que erros sejam cometidos para uma lição ser aprendida e o erro não ocorra novamente. Quero que pelo menos um dia tudo seja do meu jeito.
  Por um dia não quero ficar vendo notícias ruins na TV, sobre tráfico de drogas, prostituição, futilidade. Por um dia não quero ficar presa a problemas da sociedade, a problemas passados, a problemas dos outros, aos meus problemas. Por um dia eu quero viver tranquilamente, caminhando sem pressa, usando roupas do meu gosto, sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Por um dia eu quero que essa banalidade de pessoas mesquinhas não me atormentem.
... e que esse dia dure para sempre, numa repetição constante.

quarta-feira, junho 29, 2011

Ainda bem

  Ainda bem que temos nossa própria vida para cuidar; nossos próprios atos para controlar; que podemos fazer o que quisermos com nós mesmos; que podemos aprender lições a todo momento.
  Ainda bem que a gente cresce a cada dia; que visitamos lugares diversos de nossa mente a todo momento; que fazemos comparações e tiramos conclusões sempre, mesmo que inconscientemente.
  Ainda bem que temos o livre arbítrio de fazermos o mais correlato; que todo dia se renova em outro dia; que temos várias idas e vindas; que outras chances aparecem; que a felicidade é um bem público, e a esperança é um bem privado, um bem para quem se permite ter.

terça-feira, junho 28, 2011

Medos

  Todos nós temos nossos medos, ninguém é corajoso por inteiro.
  No fundo todos temos um pouco de medo do escuro, um pouco de medo de altura, um pouco de medo de insetos, um pouco de medo da morte, um pouco de medo do amor, um pouco de medo da solidão, um pouco de medo de falar em público... Temos um pouco de medo de tudo.
  Uma vez me disseram que quanto mais você tem esconde os seus medos, mais ele aumenta; por isso não fique com vergonha de enxergá-los, de tentar superá-los; se assim você fizer, logo será mais forte que tais.
  Todos somos heróis e covardes, mas isso não é motivo para você deixar a sua covardia falar mais alto que o seu lado heroico.

Hoje é o ontem de amanhã


  Um dia você pode engolir tudo o que você falou meses atrás. Um dia você pode se arrepender do que você fez ontem. Um dia você pode querer voltar no tempo para mudar alguns atos cometidos no passado.
  Um dia você olhará para trás e verá quantas coisas foram esquecidas, e verá que elas vão foram esquecidas de propósito, e sim porque tinham que ser.
  Um dia você perceberá que de todas as pessoas que você conversava nos seus tempos de colégio, apenas cerca de cinco sobrarão (e se sobrarem, os números podem ser ainda menores); verá que você deveria ter ouvido mais seus pais, acreditado mais em si mesmo, ter se preocupado menos com assuntos levianos.
  Verá que cerca de 90% das promessas feitas não serão realizadas, e que os outros 10% vão ser promessas cumpridas de coisas que você nem imagina.
  Você se transformará muito. Sua mente irá se abrir para assuntos mais abrangentes; mais estudos e mais trabalho surgirão. A responsabilidade é o dever mais sagrado de todos.
  Preocupe-se sim com o agora, mas não faça todo o agora ser a prioridade do amanhã, pois o amanhã está próximo, o ontem já acabou e o hoje é um breve passageiro. 

segunda-feira, junho 27, 2011

Penso, logo me perco

   Pensamos e não chegamos à conclusão alguma. Pensamos e imaginamos demais. Pensamos por pensar, por querer saber o que os outros pensam.
  Pensamos compulsivamente para lembrarmos de algo, para uma memória permanecer viva em nossa mente; para "decorarmos" algo bom acontecido conosco.
  Há pessoas que pensam no que não vale a pena ser pensado. Há pessoas que pensam apenas em si mesmas, por isso esquecem o resto. Há pessoas que pensam que sabem o que fazem, mas quando elas menos esperam, quebram a fuça. Há pessoas que precisam pensar mais antes de agir; há pessoas que precisam pensar mais sobre o que os outros já pensaram dela.
  Pense. Pense sempre que possível, porém não faça o seu possível algo constante. Pensar muito, embora necessário, em abundância faz mal; por isso pararei agora de pensar antes que eu me perca em pensamentos.

Vivemos


  Vivemos pelo amor; vivemos pelo ódio; vivemos pela dor; vivemos pela ganancia; vivemos pela humildade; vivemos pela bondade; vivemos pela força de vontade; vivemos para cair; vivemos para nos reerguer; vivemos de (des)ilusões; vivemos em sonhos; vivemos na realidade; vivemos de paz; vivemos de caos; vivemos por respirar; vivemos de lembranças; vivemos de esperanças; vivemos para estudar; vivemos para trabalhar; vivemos para procriar; vivemos para chorar, rir e sorrir; vivemos para sermos os certos, mas também vivemos para sermos os errados; vivemos para julgar, vivemos para sermos julgados. Vivemos por estarmos aqui. 
  No fim, descobrimos que voltamos para a primeira frase deste textículo, e o que sempre nos sobra? O amor.

sexta-feira, junho 24, 2011

Nós, os plantadores de discórdia

  Nós, os plantadores de discórdia, não concordaremos com nada do que você diz; não aprovaremos nunca teus atos; temos nossas próprias alusões; temos nosso próprio modo de pensar e nosso próprio julgamento.
  Nós, os plantadores de discórdia, não gostaremos de você só porque seu rosto parece ser inocente; sempre duvidaremos de ti; sempre teremos razões maiores para te jogar contra a parede e te fazer cuspir toda a vergonha que carrega em teu sorriso amarelado.
  Nós não iremos ouvir calados; não iremos permanecer com o rabo entre as pernas; não abaixaremos a guarda; não fecharemos os olhos; não cruzaremos os braços.
  Nós falaremos em alto e bom som o que quisermos falar; revelaremos o que precisa ser revelado; lutaremos pela nossa dignidade, diferentemente de qualquer outro crápula da sua laia por aí.
 Nós, os plantadores de discórdia, jamais desistiremos da luta; jamais perderemos a conduta; não vamos abaixar a cabeça para nenhum sabichão de merda, muito pelo contrário: se é guerra que você quer, então venha armado até os dentes, pois nossas armas passarão disso.
  Nós semearemos a imprudência; regaremos a indignação; colheremos a injustiça e te alimentaremos com a insanidade de teus próprios atos, fazendo-o gorfar arrependimento logo em seguida.
  Nós, os plantadores de discórdia, apenas agradaremos a nosso ego; e se nem nós mesmos ficarmos agradecidos com isso tudo, tenha certeza: a tua gratidão será extinta para sempre.

quinta-feira, junho 23, 2011

Paris, Janvier. 2011.


  Saudades de uma viagem feita há alguns meses, de sentir a brisa francesa em meus cabelos, o vento gelado contra a minha pele, e até mesmo do inverno deixando minha mão ressecada e cortada.
  Dos momentos em que xinguei os franceses, tão rudes nos pedindo "excuse moi" já nos empurrando; dos momentos em que reclamei da comida ruim (eu sei, eu sei; a comida francesa supostamente era para ser a melhor do mundo, mas, caros leitores, sinto informa-lhes que foi o que eu menos achei), daqueles pães duros há todo momento, seja no petit déjeuner, déjeuner ou dîner.
 Do cheiro de esgoto de la Tour Eiffel e da vista linda do topo dela; dos passeios no rio Sena, da visita ao Louvre (e de enfrentar fila para ir ao banheiro e ainda ter que pagar ¢ 0,50 para utilizá-lo); da estadia no quarto daquele hotel 3 estrelas, com seu banheiro todo estranho e um serviço de quarto muito esquisito, porém com uma vista linda para os jardins do mesmo.
  Das compras na Champs-Elyseés e das fotos tiradas no Arc de Trionphe e na Cathédrale Notre-Dame. Das idas ao Disney Village e na EuroDisney para ter "um pouco" de diversão; da visita à Versailles para apreciar um pouco aquele lugar tão belo e antigo; de tentar falar em francês com os nativos, mas no fim das contas acabar apelando para o inglês por não entender um "a" da resposta deles.
  Pois é, a França é realmente um país muito belo, mas cá entre nós... Eu não troco o Brasil por nada.


Aos melhores companheiros de viagem que eu poderia ter achado: Cami, João e Mari (ainda falta a Nati e a Anna na foto).

Não se lembre de lembrar


  Não gosto de lembrar, de memórias. Não gosto do sentimento de nostalgia. Não gosto de ficar voltando ao passado e revisando algumas ações que já foram extintas.
  Na minha opinião nosso tempo presente não precisa ser medido com o pretérito, e se for para acontecer tal comparação, que ela ocorra de um modo espontâneo, de um modo natural.
  Observo pessoas que estão presas ao que já passou; sinto pena delas. Do que adianta ficar se remoendo pelo que já ocorreu? Já ocorreu, já foi, não vai mais voltar; as pessoas deveriam viver o agora, mudar o que não gostaram ou então batalhar para que os dias atuais sejam melhores do que os antigos. Quem vive de passado é museu, já dizia aquela veeeeeeeeelha frase, não é mesmo?
  Não se lamente, não perca tempo. Lembre-se de contactar seus velhos amigos, mas não fique se lembrando do que vocês fizeram e, por obra do Destino, talvez não possa mais ser refeito, apenas crie novas emoções, assuntos e saídas; amizades de tempos atrás são boas, mas nunca despreze os atuais ou os futuros amigos. Não seja uma pessoa com seus 20 anos presa à alguma memória de seus 16. É lamentável.
  Vive, e deixe viver!

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você."
Jean Paul Sartre

quarta-feira, junho 22, 2011

Uma carta


“Hello, I've waited here for you everlong.
Tonight I throw myself into and out of the red, out of her head she sang.
Come down and waste away with me, down with me.
Slow, how you wanted it to be.
Over my head, out of my head she sang.
And I wonder, when I sing along with you if everything could ever feel this real forever;
 if anything could ever be this good again.
The only thing I'll ever ask of you: you've gotta promise not to stop when I say ‘when’.
She sang.”
Foo Fighters - Everlong


  Carlos Eduardo acordara pela manhã. Os olhos, lacrimejados pelo sono, abriram-se e ele observara com dificuldade que estava sozinho no quarto. Sua companheira havia lhe deixado um bilhete no travesseiro. Ele pegou o mesmo, confuso, e então iniciou a sua leitura com a vista embaçada pela sonolência.


"Cadu,
  Tive que partir hoje, preciso repensar em algumas coisas. Desculpe-me não ter te acordado para despedir-me, observei-o dormindo tão angelicalmente que fiquei com dó de despertá-lo.
  Irei passar algum tempo fora da cidade, assuntos pessoais (não que você não seja também um "assunto pessoal", mas preciso ajeitar outros pontos da minha vida).
  Talvez um dia eu volte, e se voltar, entrarei em contato para revê-lo, mas por instância preciso cuidar de meu marido e meus filhos (também sinto não tê-lhe informado sobre eles antes).
  Esses dias que passamos juntos foram inesquecíveis; obrigada por tudo, e tenho certeza que um dia me agradecerá por ter ido embora assim.
  Você é um belo rapaz, em breve achará uma mulher que dê tudo o que você merece.
Com amor e belas lembranças,
Amélia."


  Cadu surpreendeu-se com o que Amélia havia revelado, mas não se sentiu enraivecido por isto, pois "a mulher que daria tudo o que ele merece" chegaria no próximo fim de semana, depois de passar dois meses no sul do país, fazendo um curso de especialização.

Não-tão-bom-partido

"He doesn't look a thing like Jesus but more than you'll ever know."
The Killers - When you were young


  Olhar azul, como a cor do céu no mês de Janeiro, verão brasileiro; tão caloroso quanto qualquer país tropical; corpo esbelto, digno de desfilar por horas na praia, um corpo que deixaria qualquer mulher vidrada; uma voz suave, doce, que encanta os mais belos pássaros e faz toda a natureza cantar junto com ele; cabelo negro e ondulado, que se destaca totalmente da sua pele alva e lisa, e este contraste o faz chamar mais a atenção de todos.
  De uma família bem estruturada, descendente de franceses, com propriedades em todo o país (e até mesmo algumas na Europa). Filho de empresários. O "sonho de consumo de muitas mulheres".
  Por onde passa deixa rastros de seu perfume, deixa jovens a apreciá-lo, deixa homens com um pingo de inveja.
  Louis, 22 anos, vive uma vida que todos desejam ter um dia: não estuda, não trabalha, sai sempre que pode, viaja para onde quer, faz o que bem entender.
  Cativa muita gente com sua aparência, porém a aparência é apenas um detalhe, e o resto... bom, o resto deixa a desejar.
  Louis, 22 anos, capricorniano, rico, charmoso, bonito, malhado, frequentador nato de baladas e viajante "de primeira" não sabe qual o motivo de fazer tudo o que faz. Ele simplesmente vive por viver, não tem objetivos concretos, e pelo fato de sua família ter uma herança boa o suficiente para mantê-lo vivo até seus últimos dias, ele se acomodou.
  Ia para o colégio quando mais jovem, estudava nos melhores deles, mas no fim do Ensino Médio se formou sem muito conhecimento: apenas decorou a matéria e esqueceu-se da mesma em seguida.
  Não quis fazer faculdade porque nunca soube ao certo o que "queria ser quando crescer" - na verdade, até sabia, mas anos atrás, quando criança; quando mais precisava saber o que seria esqueceu-se de seus sonhos de infância.
  Nunca procurou emprego, sempre achou que "meras experiências profissionais" não eram necessárias. Nunca achou que amadurecer fosse uma verdade. 
  Filmes? Só assiste os que passam de noite, na Globo - e para pegar no sono. Livros? Nunca lê, só "lê" outdoors por aí quando volta de viagem pelas rodovias.
  Louis sabe impressionar quando quer, mas quando mais precisa não consegue fazê-lo. A primeira impressão que podemos ter dele, por sua aparência e tudo o mais, é que ele vale toda a pena, mas no fim descobrimos que a pena não vale tanto assim.
  Ah, quer saber? De Louis não quero mais saber. Prefiro continuar com meus textos a continuar escrevendo este aqui, cujo protagonista não gostaria de lê-lo e ao mesmo tempo é antagonista de si mesmo.
  Os “Louis” por aí que me desculpem, mas como dizia a minha avó: beleza não se põe na mesa.

É o inesperado que muda nossas vidas


  Sabemos o que queremos. Na geração de hoje em dia todos dizem saber o que querem, mas será que esses desejos serão os mesmos daqui alguns anos?
  Lembro-me bem de quando era mais uma adolescente, com meus 15 anos, mais ou menos. Dizia que queria muitas coisas, vestia-me de um jeito específico, ouvia certas músicas, assistia a determinados programas. Hoje em dia? Hoje em dia sou muito diferente do que eu era, e percebi que essa diferença não é ruim, é "diferente", é boa, é essencial.
  Passamos por constantes transformações, mas dificilmente percebemos isto. Fechar-se em uma só opinião e em só uma linha de pensamento não é uma das coisas mais correlatas a se fazer; mas tome cuidado: abrir-se para muitas ideias diferentes pode te deixar bem perdido e confuso, no fim você terá muitos pontos de vistas, mas no fundo não saberá qual é o seu.
  Se eu pudesse passar um conselho para todos, este conselho seria: aproveite cada fase sua, pois a vida é cheia de fases, e cada fase pode ensinar-lhe coisas inimagináveis, mas acima de tudo nunca tenha medo de mudar.

terça-feira, junho 21, 2011

More than words


  If you think my unpretentious words mean all I feel for you, I can say you’re completely wrong. It’s more than what I could ever say to anybody. Only God knows what I mean: it’s a feeling that’s coming from the Angels, we’re blessed by the Spirits of Paradise. I couldn’t say anything but “I want you. I need you. I love you.”
  Just say you want me to love you, to treat you as my gentleman, so you’ll treat me as your lady. We can build our house with honesty, love, happiness and respect. The bricks will be made with our wisdom, the floor with our passion, the roof with truth.
  At the end, I will take your hand and never let you go. 

Súbita descoberta

"Acontece que entre o ainda-não-é-hora e o nossa-hora-chegou , muita gente se perde. Não se perca, viu?"
- Caio Fernando Abreu

  E ela o observara. Observara por longos segundos, segundos que pareciam eternos. Nunca viu algo tão magnífico e que a tenha conquistado assim, tão de repente. Amou a sensação. Quis amar ainda mais tudo aquilo, então não se privara de tal desejo. Amou-o, mesmo que sentisse que não poderia amá-lo tão explicitamente, amou-o; amou-o com os olhos, com o coração, com a alma, com o corpo, mas o que não sabia era que aquele amor  poderia lhe durar uma vida inteira.

"O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apena porque não tinha podido ser."
Clarice Lispector

segunda-feira, junho 20, 2011

O "querer mais"

Um lugar apenas nosso, onde o "para sempre" sempre existirá.

  Se eu digo que te quero é porque te quero.
  Não existe querer pouco ou querer muito: eu te quero por igual, eu te quero pouco misturado com muito, e quero que teus sentimentos sejam equivalentes aos meus; quero-te do mesmo modo que quero que você me queira.
  Quero beijos eternos, abraços carinhosos e conversas inesquecíveis.
  Quero tudo o que eu tenho direito de ter de você. Quero que você me deseje a cada instante, cada vez mais intensamente, cada dia de um modo mais certeiro.
  Queremos amor, queremos o infinito, queremos aquele sentimento árduo que faz com que nosso coração pareça ter parado de bater, mas que ao mesmo tempo continue pulsante de modo descontrolado dentro do peito.
  Quero borboletas no estômago, sobrevoando dentro de meu organismo, por todos os lugares possíveis do meu interior. 
  Eu prometo ficar contigo pra sempre, mas desejo que você fique comigo mais do que eu possa imaginar, mais do que eu ou você possamos dizer; quero que as minhas palavras se percam em meio ao sentimento que não pode ser demonstrado por frases, períodos ou orações.
  Se o "para sempre sempre acaba" então provaremos que esse "para sempre" possui outro nome. Um nome desconhecido por todos até agora; um nome reservado a nós.

A frieza da pele de quem não pode mais

  Fim de noite. Mais uma madrugada se apresenta.  O silêncio prevalece e toma conta de todos os cantos do cômodo, tudo parece tranquilo.
  Olho pela janela do meu quarto e vejo um homem passar. Um homem que não aparenta tanta simplicidade, parece estar vestido em trajes formais. Talvez esteja voltando de uma festa, talvez esteja caminhando noite afora, sem rumo, querendo refrescar a cabeça após um longo dia de trabalho em um escritório e uma noite de bebedeira com os amigos.
  Observei-o por algum tempo, não sei por quanto tempo o olhava, mas percebi que ele parara de andar e virara os olhos em minha direção. Hesitei. Desviei o olhar, mas não parei de ter a impressão de que ele ainda me observava. Engoli em seco e voltei a escrever no meu caderno, recolocando em prática meus estudos.
  Antes de dormir, sem olhar diretamente para a janela, fechei a minha cortina e deitei-me na cama. Virei para o lado e fechei os olhos, querendo descansar de mais um dia vivido. Apenas a luz fraca do meu abajur iluminava o quarto.
  No momento em que estava prestes a apagar em sono senti uma mão gélida em meu rosto. Em um salto sentei-me, eis que pude observar o rapaz de antes em frente a minha cama, iluminado na meia luz do abajur.
  Seu olhar era... Inexistente. Não consegui ver com precisão seus olhos. Notei que sua pele estava pálida, inteiramente branca. Seus lábios eram quase da mesma cor. Levei meus olhos para suas mãos e as vi ensanguentadas, então os corri pelo seu paletó e percebi a cor vermelha junto com o tecido preto.
  - Calma, minha querida. – Sua voz era tão gélida quanto suas mãos. Seu hálito cheirava rosas e o ar que saia de sua boca era frio, ambos os fatores eram tão fortes que eu conseguia sentí-los, mesmo com a distância entre nós. – Apenas vim aqui conversar um pouco.
  - C-conversar comigo? – Perguntei com a voz tão trêmula quanto meu corpo.
  - Sim. Sinto falta de conversar com pessoas como você.
  - Como você entrou no meu quarto? – Perguntei ainda no espanto com a situação. “Maldita hora que eu olhei para a janela”, pensei.
  - Entrei aqui como todos que querem entrar em suas respectivas casas. Resolvi visitar meu antigo lar.
  - Antigo lar? – Senti-me perdida, curiosa. Perguntei-me por alguns longos segundos se aquilo não era um sonho.
  - Sim, morei aqui alguns anos atrás. Essa foi a minha moradia preferida. Infelizmente tive que abrir mãos dessas paredes que tanto amei. Hoje em dia uma das únicas semelhanças entre eu e elas é a frieza de nossas estruturas.
  - Como? Desculpe-me, senhor, não estou entendendo.
 - Não precisa entender, querida. Depois que sofri um acidente e tive que desapegar-me de tudo o que amava em terra resolvi não tentar entender mais nada.
  Por mais que a situação parecesse complicada, achei que estava começando a entender o que o homem estava dizendo.
  - Agora preciso ir, moçoila. – O rapaz respondeu, suspirando mais uma vez com seu hálito gélido de rosas. – Minhas visitas a esse mundo não são constantes. Pelo curto tempo que conversei contigo deves entender porque sinto falta de diálogos assim.
  Após a última frase vi um vulto preto atrás dele, como quem o chamava. Olhei para a sombra recém-aparecida e a única coisa que pude observar foram as órbitas vazias de seus olhos. Então as duas imagens sumiram da minha frente.
  Acho que agora consigo compreender que as fases de nossa existência (não exatamente de nossa vida) não são sempre como queremos que sejam.

domingo, junho 19, 2011

A felicidade a dois

"Take my one last breath and don't forget that I'll be right here, waiting."

  E la não gostava de ninguém especial, e assim foi por longos anos de sua vida, em certos momentos até chegou a achar que seria uma idosa morando no campo com mil gatos de companheiros, como uma de suas amigas sempre comentava, achava que viveria sem um parceiro para lhe dar carinho.
  Nunca pareceu se importar com isso (na verdade, não se importava mesmo), porém quando via casais juntos por aí ou quando algum conhecido começava a se relacionar, um breve pensamento passava pela sua cabeça: "E quanto a mim?"
  Eis que o destino lhe pegou de surpresa. A indiferença em relação ao seu coração se tornou diferente, o silêncio de seus batimentos cardíacos se tornaram barulhentos,  a calmaria de seu corpo se transformou em nervosismo. Finalmente encontrara seu amado, e ele também a encontrou.
  Foi em uma noite de verão. A jovem havia voltado há poucos dias da Europa, estava de férias da faculdade, o tédio a consumia, então ele surgiu. Surgiu para salvá-la do destino rodeada por felinos, surgiu para ser o único "felino" dela. 
  Ela navegava na internet, em um tédio eterno, então alguém lhe adicionara em uma rede social. Esse alguém pedira seu messenger, e por algum motivo em especial que ela ainda desconhecia, o passou. Adicionaram-se e a conversa fluiu.
  O rapaz disse que havia a adicionado apenas por curiosidade, porque achou-a interessante e teve vontade de conversar com ela. Conversaram via internet por longas horas, e quando tiveram que se despedir um aperto no peito mostrou-se. 
  Após algumas outras conversas resolveram se encontrar em um shopping perto de um parque da cidade. Marcaram o dia e a hora, e conforme os minutos se aproximavam, a ansiedade crescia, e quando o momento chegou, tudo pareceu perdeu-se em meio a tão diversas emoções. 
  O dia foi interessante, produtivo, mas a certeza de que aquilo seria para sempre só veio na hora de ir embora, quando na hora da despedida a jovem sentiu um aperto maior ainda no peito (como em todos os "tchaus" ditos a ele) e não queria ir embora, porém tinha que fazê-lo, já era tarde e tinha que ir. 
  No último beijo do dia uma vontade de choramingar surgiu de repente, mas segurou a tal vontade de fugir com o rapaz e foi para a sua casa, onde repousaria em breve a cabeça em seu travesseiro e teria sonhos com o amado, mas o mais importante de todos os fatos vividos até ali foi que ela sabia que o "tchau" dito não era um "tchau", e sim um "até muito em breve". 
  Ela descobriu que estar sozinha é bom, mas estar acompanhada é melhor ainda.

Mudanças

Assim como o por do sol, a cada dia tudo se renova.

  Se você parar para pensar em quanta coisa mudou e no quanto você descobriu e aprendeu nos últimos meses, tenho certeza de que irá se surpreender.
  Mudanças são boas, e é sempre preciso passar por elas. É necessário crescer a amadurecer a cada dia, a cada semana, a cada mês e a cada ano.
  Um ano atrás lembro-me de estar completamente confusa sobre tudo: não sabia ao certo o que fazer de faculdade; não conseguia de jeito maneira me imaginar fora do colégio; não imaginava como eu seria com a minha maioridade; mas hoje, em compensação, sei de tudo isso e de um pouco mais, e tenho a certeza de que não poderia ter feito escolhas melhores.
  Isso tudo de crescer e amadurecer leva tempo, e o tempo é algo precioso, com ele podemos ser e fazer o que quisermos, apenas é preciso saber a dosagem da felicidade que você procura. A minha eu descobri, espero que você também decifre a sua.
  Cada um é restritamente responsável pelas mudanças que ocorrem em sua vida.